quarta-feira, 30 de abril de 2008

Erros e contradições

Foi difícil conviver com o noticiário neste último mês. Vejo colegas de profissão exaustos. A pressão nas redações é enorme. Não são poucos os jornalistas que contaram até mil para não pedir demissão. O pior é que há muito já se deixou a cobertura jornalística de lado. O que temos hoje é Hollywood, com personagens tupiniquins pouco talentosos.

Ouvi diversas pessoas dizerem que as famílias conseguiram uma vantagem. Se Alexandre e Anna Carolina não forem culpados, os Nardoni e os Jatobá ficarão milionários. Vantagem?

A sociedade está completamente alucinada. Polícia e promotoria parecem incentivar o povo a fazer justiça com as próprias mãos. E a imprensa compra essa idéia. Até fugitivos tiveram a cara de pau de ir ao prédio da família de Anna para pedir a condenação dos dois!

A quantidade de gente que tem dinheiro sobrando e tempo ocioso é incrível. O número de pessoas perversas e sádicas também. Descobri sem querer onde Antonio Nardoni mora. A rua era um caminho alternativo para fugir do trânsito. Hoje, é bem mais tranqüilo seguir pela avenida principal.

Basta ligar uma câmera para constatar: o “rec” transforma as pessoas em seres perfeitos, ávidos por justiça e correção.

Os repórteres? Muitos agem como se tivessem garantido a carreira ao repetir bobagens infundadas como se fossem a única verdade.

A polícia? A partir do momento em que uma delegada dá “piti” chamando os suspeitos de assassinos, não se pode esperar muita coisa. Quando peritos dizem que os laudos não afirmam o que a polícia divulga, é preciso acender direto a luz vermelha.

Também é melhor desconfiar de promotores que dizem fazer e acontecer antes mesmo de ter o inquérito em mãos.

Eu não duvido que o casal seja culpado, mas ainda prefiro acreditar na inocência. É muito complicado conviver num mundo onde não se pode confiar nem no pai. Aliás, agressão de pai está “na moda”, não é só no Brasil.

Precisamos repensar tudo. Principalmente os nossos próprios atos. Os nossos pequenos delitos que se tornam hábitos. Os nossos questionáveis conceitos. Os nossos eternos julgamentos. A nossa tolerância com o certo, o errado, em relação aos outros e a nós mesmos.

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