quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

As sapatadas do mundo

Ok, ok, todos sabem que jornalistas não podem agredir o entrevistado. Mas presidentes também não deveriam agir como Bush. Qualquer um, com um mínimo de bom senso, não tolera a violência, nem mesmo verbal, mas convenhamos, quem é que não vibrou com as sapatadas do iraquiano? Quem é que não se divertiu com as esquivadas de Bush? Quem é que não lamentou por Bush ter saído ileso?

As sapatadas de Muntadar al-Zaidi não foram só dele. Não foram apenas o "beijo de adeus do povo iraquiano" ao "cachorro", como expressou o jornalista. Elas lavaram a alma do mundo. O povo americano redimiu-se ao eleger Obama, mas Bush jamais terá como desculpar-se pelo que fez, não só, mas principalmente, no Iraque.

Quem quiser dar mais uma olhadinha na cena hilária e conferir os comentários de Bush sobre o gesto, pode acessar o vídeo da agência de notícias AP. O portal Estadao.com.br também oferece uma boa sequência de fotos.

Se Muntadar al-Zaidi for condenado, pode pegar até 15 anos de prisão. Apesar disso, um egípcio já ofereceu a filha, de 20 anos, para casar com o jornalista. Se ele vai querer ainda não se sabe, mas que a menina está empolgada com a idéia, isso está.

E como é melhor prevenir, nosso presidente não perdeu tempo. Ao iniciar a entrevista na Costa do Sauípe, Bahia, ele pediu para os jornalistas não tirarem os sapatos. "Aqui, como é muito calor, a gente vai perceber antes de alguém decidir jogá-lo, por causa do chulé", avisou.

Se a moda pega, teremos que trabalhar descalços.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Parque São Jorge

A contratação de Ronaldo Fenômeno para o Corinthians pode render bons tostões e também um tiro no pé. Com um milionário no time, seguramente, vai ter uma fila de jogadores batendo na porta da diretoria para pedir aumento. A união vista na conquista do título da série B pode dar lugar ao ciúme e a sentimentos não muito nobres, especialmente, se Ronaldo ficar sob os flashes sem jogar nada. Haja espada de São Jorge!

Ainda bem que a Fiel é uma grande torcida (e não uma torcida grande)! Só ela para concentrar pensamentos positivos suficientes para o Fenômeno ficar bom do joelho, recuperar a forma física, voltar a jogar, dar muitas alegrias ao time, calar os adversários e me calar. Tudo isso em apenas um ano.

Pensando alto

Os pilotos do jato Legacy que bateu no avião da GOL em 2006 foram absolvidos da primeira acusação. Agora, oficialmente, ninguém pode dizer que eles foram negligentes. Pergunto-me, entre outras coisas, o que aconteceria se pilotos brasileiros, voando no espaço aéreo americano com o transponder desligado, se envolvessem num acidente que resultasse na morte de 154 pessoas? É bem provável que estivessem em Guantánamo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Expedição Haiti - Olhares das crianças

Uma leitora do Expedição Haiti enviou duas perguntas por e-mail. Como o questionamento é recorrente, resolvi publicá-lo.

"Entre todas as coisas que marcou você nas suas viagens para lá, li a sua descrição sobre as crianças.Você poderia por gentileza descrever o olhar delas?"

O olhar daquelas crianças... tão difícil de dizer. Pensar nisso gera tantos sentimentos... orgulho, dor, felicidade, a sensação de mãos atadas. Depende da região em que você vai e do que está acontecendo na hora. Os olhares misturam aquela vontade sapeca de fazer arte, a curiosidade sobre quem está diante delas e o que carrega, se elas podem tocar. São olhares famintos... fome de comida, de atenção, de cuidados básicos. As crianças que correm pelas ruas são vidradas em câmeras. Não podem ver uma máquina que disputam nos empurrões a oportunidade de serem fotografadas. E isso lhes deixa com rostinhos e olhares tão contentes que parecem estar vivendo o dia mais feliz da vida delas. Talvez porque, inconscientemente ou não, elas sejam obrigadas a viver cada dia como se fosse o último, o que de fato pode ser. Já as desnutridas, nos colos das mães por falta de forças para andar, têm olhar parado em algum lugar da História, talvez no ponto em que lhe tomaram, violentamente, a inocência. O olhar definha como o pequeno corpo, que apela por ajuda, mas parece esperar apenas a morte.

"Elas têm a idéia do por que o Brasil está lá?"

Elas aprenderam a conviver com os soldados, não apenas brasileiros, mas não creio que saibam o porquê da presença das tropas. Nem a maioria dos adultos deve compreender o profundo significado de uma intervenção internacional. O dia-a-dia lhes dá uma idéia sobre um resultado x, que vem acompanhada de expectativas, frustradas ou não. Mas apenas parte da elite compreende a seriedade do jogo de poder internacional que isso envolve. Lembre-se, porém, de que a maioria dos brasileiros nem sabe que nossas tropas estão lá, quanto mais o que isso representa para as relações internacionais.

Espero que essa leitora, uma jovem estudante de Relações Internacionais, tenha a oportunidade de ir ao Haiti. É uma viagem que muda a vida de qualquer pessoa. Um turbilhão de sentimentos que jamais será esquecido, acompanhado de histórias impossíveis de serem contadas em apenas uma vida. Estou certa de que será uma profissional diferenciada só pelo fato de ter escolhido, para seu trabalho de conclusão de curso, um país fora do eixo de dominação.

A História é contada por vencedores e, por isso, ao falar no Haiti, é impossível não pensar na vitória sobre o exército napoleônico. Seguramente, é o feito de maior orgulho daquele povo, que paga tão caro por tamanha ousadia. Hoje, os haitianos são tratados como perdedores, isolados do mundo, fadados ao sofrimento. Para mim, os países ricos têm é medo da reação de tão bravos e fortes guerreiros.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Deputados bolivianos pedem apoio ao Brasil

Primeiro foi o presidente, agora são os parlamentares. Há 13 dias, o líder boliviano Evo Morales foi obrigado a vir para o Brasil para conseguir voltar a La Paz. Neste momento, 8 deputados que apoiam Morales, fazem o mesmo percurso do presidente. Saíram de Riberalta, na Bolívia, para Guajará-Mirim, em Rondônia, em busca de apoio dos militares do 6º Batalhão de Infantaria de Selva. O mais provável é que a Polícia Federal os transporte para o aeroporto. Um avião da Força Aérea Boliviana deve levá-los de volta a La Paz.

Lula bloqueia Plano Estratégico de Defesa?

A falta de manifestação governamental, após reunião no Palácio do Planalto, pode indicar que o presidente Luis Inácio Lula da Silva reagiu de maneira inesperada ao Plano Estratégico de Defesa. Teria ele bloqueado a execução do audacioso projeto dos ministros Nelson Jobim (Defesa) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos)?

Caso isso tenha acontecido, mais uma luz vermelha se acenderá no país. A área precisa de investimento pesado e urgente. Tornar-se liderança regional é uma opção interessante, mas defender os recursos naturais e garantir o desenvolvimento nacional é obrigação do Estado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Plano Estratégico de Defesa

Ousadia. Essa é a palavra que define o documento que será entregue pelo Ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelo Ministro-Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, no dia 7 de setembro, ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva.

O estudo deve mexer de maneira importante com a indústria bélica nacional e diversas áreas de infra-estrutura. Os ministros pretendem que pesquisa tecnológica e produção avançada estejam interligadas, mas para garantir os negócios, o Estado teria maior controle sobre os rumos de empresas privadas. É bom atentar para as exigências que farão as federações de indústria e comércio!

“O Brasil precisa de um escudo de defesa se quiser desbravar um caminho singular no mundo”, afirmou Mangabeira Unger, após se encontrar, nesta tarde, com os comandantes das Forças Armadas da região de São Paulo. “O nosso pacifismo não nos exime da responsabilidade de nos defender”, completou.

Se o debate sobre a Defesa Nacional vingar, o que só deve acontecer depois das eleições municipais, já será um grande ganho para o país. Os militares parecem otimistas. Concordam que o povo deva decidir o tamanho e o tipo de Forças Armadas que querem ter para enfrentar os desafios do mundo moderno. Mangabeira não deixa dúvidas sobre o que pensa. “O Brasil precisa poder dizer não quando tiver que dizer não”, avalia.

E para se impor no cenário internacional, o Plano Estratégico de Defesa prevê mais do que reaparelhamento. Fala em alterações no serviço militar obrigatório.

Mangabeira demonstra preocupação com o profissionalismo no trabalho militar. O ministro questiona até que ponto é interessante para o país aproveitar apenas os jovens voluntários que se apresentam aos 18 anos. Unger quer colocar em debate a possibilidade de as Forças Armadas decidirem quem, quando e como aproveitar não apenas os mais aptos fisicamente, como intelectualmente.

Além de ousado, o Ministro-Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos também é evasivo. Sem apresentar novidades ao ser questionado sobre a proteção das bacias de petróleo, Mangabeira falou em modernização entre 2015 e 2025. Não disse, porém, como garantir isso num país com tradição apenas de política de governo, não de Estado.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Meu livro. Meu filho. :-)

EXPEDIÇÃO HAITI
HISTÓRIAS DE MILITARES BRASILEIROS EM MISSÃO DE PAZ
Prefácio - Roberto Kovalick. Comentário - General Heleno.

Lançamento dia 25 de agosto, pela Editora Baraúna.

O treinamento militar, a adaptação em solo caribenho, a pobreza e a violência nunca sairão da mente dos fardados. Um turbilhão de sentimentos. O que eles esperavam ficou distante do que realmente aconteceu. A ONU: o reino da burocracia e de promessas não cumpridas.

Memórias do primeiro brasileiro a comandar treze tropas estrangeiras em uma missão de paz. A vida de um tenente depois de ter o braço estraçalhado por um tiro de fuzil. A reação das Forças Armadas às três mortes brasileiras. O que mudou e o que não mudou com a atuação militar no Haiti. A resposta do povo à presença de estrangeiros. A luta diária das mulheres. A expressão das crianças.

Os interesses políticos e econômicos do Brasil numa terra aparentemente esquecida, mas que estimula o investimento de R$ 500 milhões em operação militar.

Por que pacificar o Haiti foi mais fácil do que acabar com a violência no Rio?

Experiências de uma estudante em busca de realizar sua primeira reportagem. Os sentimentos que isso pode despertar: insegurança, aflição, dúvida, determinação, iniciativa... Olhares e texto de uma jornalista que foi duas vezes ao Haiti para sentir, no corpo e na alma, cores, cheiros, angústias, medos, alegrias, entusiasmos, energias...

Questionamentos, certezas, impressões e fraquezas expostos ao leitor, para que ele testemunhe um apaixonante processo de aprendizado e amadurecimento. Em um texto leve, bem humorado e de fácil leitura, um foco que se acende sobre uma das mais complexas e curiosas sociedades do mundo ocidental.

Venda exclusivamente pelo site http://www.editorabarauna.com.br.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O buraco negro da Colômbia

A libertação dos 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no dia 02 de julho fez o mundo se curvar diante do presidente colombiano Álvaro Uribe. A Operação Xeque representa a porta de entrada para um possível terceiro mandato. Mesmo que Uribe não se reeleja, deve colocar no poder seu Ministro da Defesa, Juan Manuel Santos.

É provável que vencer as FARC seja um ponto de honra para Uribe, que teve o pai assassinado pelos guerrilheiros. Mas quem deu um golpe de mestre com o resgate de Ingrid Betancourt, três norte-americanos e onze militares colombianos, não daria um Xeque-Mate contra si mesmo.

Na opinião de um estrategista ouvido pelo SEMPRE EM JOGO, derrotar as FARC é tudo que Uribe não pode fazer. Acabar com a guerrilha é acabar com o próprio governo. Afinal, não é esta a maior bandeira do presidente?

As FARC são responsáveis pelo sucesso de Uribe. Com a guerrilha, ele alcançou quase 92% de popularidade. Não há, no mundo, presidente com tamanha aprovação. Há grandes chances de o povo colombiano acabar, conscientemente, com a essência democrática da troca de poder.

Sem tocarmos na influência que a indústria bélica norte-americana exerce nessa guerra, o fim das FARC afetaria a economia colombiana. O país é o maior produtor mundial de cocaína. Inevitavelmente, grande parte desse dinheiro é despejada no comércio, nos serviços, nos diversos negócios que geram emprego e alimentam as mamatas políticas.

O fim das FARC não é proveitoso para Uribe, muito menos desejo do venezuelano Hugo Chávez, do equatoriano Rafael Correa ou do nicaragüense Daniel Ortega. A extinção da guerrilha é apenas um sonho para o povo colombiano. Mas quem é que vive sem sonhos?

sábado, 28 de junho de 2008

Dois cenários. Quantos interesses?

Estabilidade econômica. Potencial de expansão. Amazônia. Biodiesel. Descoberta de petróleo. Geografia, no mínimo, generosa.

Caos econômico. Queda do dólar. Recursos naturais cada vez mais escassos. Crise energética e de alimentos. Guerras de todos os tipos.

Os Estados Unidos admitiram, esta semana, que só o Brasil e os países árabes têm bacias em condições de aumentar a exploração de petróleo, que encerrou a sexta-feira com o barril negociado a mais de US$ 140.

Ainda pela avaliação dos especialistas norte-americanos, nem Venezuela, nem México devem conseguir se manter no mercado como atualmente. Aliás, a produção da América Latina vai cair, até 2010, na mesma proporção que a do Brasil vai crescer: 500 mil barris/dia.

Na quarta-feira, o Comandante da Marinha concedeu uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Mesmo para o caso da Bacia de Campos, que é mais próxima do litoral, nossos navios-patrulha não são suficientes. À medida que formos para bacias cada vez mais distantes, precisaremos de ter mais navios. É impossível com os meios que temos hoje estarmos presentes onde precisamos”, advertiu o Almirante Julio Soares de Moura Neto.

Interessante também o trecho em que o Comandante diz: “Os Estados Unidos têm dado todas as garantias de que respeitarão todas as figuras jurídicas, criadas na Lei do Mar, por meio da Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar”.

Se o sucesso da diplomacia depende também do poder de persuasão, o problema é saber até quando, não é mesmo Almirante?

Enquanto isso, a Marinha aguarda receber R$ 3,2 bilhões só em royalties atrasados.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Piloto do Exército morre em acidente aéreo

O capitão Marco Aurélio da Silva Martins, 32 anos, piloto do helicóptero militar que caiu em Tefé (AM) não resistiu. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras em 2000, o oficial de Artilharia era casado e deixou dois filhos pequenos.

O helicóptero, que fazia a rota Tabatinga - Tefé, caiu nesta tarde, durante uma tempestade. O Exército não confirma se o mau tempo foi a causa do acidente. Mais quatro tripulantes, um tenente e três sargentos, sofreram escoriações e estão fora de perigo.

Cai helicóptero do Exército na Amazônia

Um helicóptero Pantera, com cinco tripulantes, caiu nesta tarde no Lago de Tefé, na Amazônia. Equipes de emergência, com lanchas do Exército, trabalham no resgate das vítimas.

Não há confirmação sobre as causas do acidente. A aeronave voltava de uma operação de vacinação de índios no Vale do Javari, oeste do Estado. Chovia muito forte no momento da queda.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Quando um moleque veste farda tudo vem à tona

Questionável a presença do Exército no morro da Providência, centro do Rio. E o que não faltam são questões nesta história. Tanto por um possível escândalo eleitoreiro, quanto pela barbárie. Tudo cheira mal.

Quem pedia a presença do Exército nas favelas cariocas tinha a esperança de encontrar pessoas nas quais se pudesse confiar. Gente preparada para combater e sem nenhum interesse em se aliar. O que vemos agora é a escuridão.

Um tenente, que há pouco tempo serve no Rio, é o responsável por entregar os jovens a traficantes. Como ele conhecia esse pessoal? Que tipo de relação ele tinha com esses homens para ter essa “super” idéia? Como apenas três militares entram fardados numa favela dominada por criminosos e ninguém reage?

Uma punição por desacato a autoridade. O pior é que o moleque bota uma “fantasia camuflada” e pensa que é autoridade. Afinal, quem veste FARDA de verdade não faz esse tipo de coisa.

Por que o Exército estava lá, trabalhando num projeto de um candidato a prefeito? Por que só lá? Por que ninguém sabia? Ou será que sabia só que agora não é conveniente dizer?

Interessante, também, a omissão do Exército. Com todo o meu respeito ao Coronel Barcellos, que já atuou inclusive no Haiti, onde estão os generais?

Em momentos de crise, comandante tem que dar a cara a tapa, tem que assumir publicamente a responsabilidade do cargo. Tem que, no mínimo, aparecer para repudiar e dizer quais são as providências, tem que encarar a pressão.

Mais uma vez, o Comando se cala.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Alfândega coloca droga em mala de passageiro

O que você faria se chegasse de viagem e encontrasse um pacote com 142 g de maconha na sua bagagem?

A droga foi colocada por um policial no bolso externo de uma mala no aeroporto de Narita, no Japão. A intenção do esperto funcionário da alfândega era testar a segurança do aeroporto.

O que deu errado? Tudo. Segundo o policial, o problema foi os cães farejadores não terem conseguido rastrear o pacote, o que nunca tinha acontecido antes. Pra completar, o agente não se lembra em que mala colocou a droga, avaliada em US$ 10 mil.

Para ele ter dito que nunca havia acontecido antes, é provável que ele tenha feito isso outras vezes. O ato é ilegal, claro. O teste de segurança deve ser feito com malas específicas, jamais com a bagagem que circula pelo aeroporto.

Imagine, por exemplo, se o passageiro fosse tomar um vôo para outro país. Ele poderia ser preso por tráfico internacional de drogas. Em algumas nações, a condenação por esse crime é a pena de morte. Se chegasse aos Estados Unidos e fosse considerado um narcotraficante, o passageiro poderia ser mandado para Guantánamo. Em muitos lugares ele, no mínimo, apanharia muito.

Considerando que o destino final seja mesmo Tóquio, o homem poderia ser revistado numa blitz. A pena para porte de droga é bastante severa no Japão, mesmo que a quantidade seja pequena.

O chefe da alfândega pediu DESCULPA. Que bonito! E fez um apelo para que o passageiro, ainda não identificado, devolva a embalagem.

Na imprensa, não há menção sobre o que vai acontecer com o policial. A resposta seria NADA?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Quando um militar estraga tudo

A falta de sensibilidade de um ser humano é uma coisa fora de série! O presidente norte-americano George W. Bush, que não é dos mais sensíveis, teve de pedir desculpas ao Iraque. Isso por que um soldado fez o favor de usar o Corão como alvo num estande de tiro em Bagdá. O infeliz deixou mais de dez perfurações no livro sagrado dos muçulmanos.

O exército foi obrigado a retirar o moleque do país às pressas. Chamá-lo de moleque é bem apropriado para o contexto. O comando militar organizou uma cerimônia de desculpas e entregou um novo exemplar do Corão aos líderes tribais. Uma nota afirma que os norte-americanos respeitam os árabes. Mas nada disso apaga o que o soldado fez. No máximo, põe panos quentes.

O telefonema de Bush ao primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, foi um gesto diplomático necessário, mas insuficiente. O porta-voz do governo afirmou que o país exige o julgamento do militar e punição severa por ofensa ao Islã.

O "feito" do soldado não chegou a provocar manifestações violentas nas ruas do Iraque e de outros países árabes. Menos mau. De qualquer forma, a atitude choca, como tudo que vem de uma tropa de ocupação.

Jornalismo. Que jornalismo?

O dia 20 de maio foi marcado por, pelo menos, 20 minutos de catástrofe jornalística na TV e na internet. A pressa, a vontade de dar a informação primeiro ou de não ficar para trás mostrou seu lado feio e pra lá de perigoso.

O incêndio na loja de colchões na zona sul de São Paulo, que o dono do estabelecimento acredita ter sido causado por um curto circuito, foi noticiado da pior forma possível. As manchetes davam que um avião havia caído num prédio. Chegaram a registrar até mesmo o nome da companhia aérea: Pantanal.

Imaginem, só para começar, o desespero de quem tinha parente voando pela empresa. A mobilização dos bombeiros, Infraero, Defesa Civil, Polícia Militar, CET...

Ao pensarmos no lado financeiro, que também mexe com as vidas dos funcionários da empresa, temos outras conseqüências. Se a notícia tivesse sido divulgada mais cedo, com o pregão da bolsa em andamento, as ações da Pantanal teriam despencado.

Quando a notícia foi "corrigida", falaram em explosão de um botijão de gás e aí por diante.

A irresponsabilidade jornalística, se é que isso pode ser chamado de jornalismo, leva a resultados que absolutamente ninguém quer ver. Quando se brinca de telefone sem fio na hora do trabalho, cabeças rolam na redação. E tem que rolar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Corpo de militar chega amanhã. Marinha não sabe

A Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH) embarcou o corpo do 3º Sargento Fuzileiro Naval Carlos Freires Barbosa em vôo da American Airlines, nesta quarta-feira, após homenagem fúnebre prestada pelos companheiros de missão no pátio do hospital argentino em Porto Príncipe, capital do Haiti.

O vôo AA 822 saiu às 12h30 e deve chegar a Miami às 15h40, horário local. Todos os trâmites alfandegários foram feitos no Haiti. Se tudo correr como previsto nos Estados Unidos, o corpo será trazido ao Brasil no vôo AA 905, que parte de Miami às 23h10 com chegada prevista no Aeroporto Tom Jobim para as 8h30 desta quinta-feira.

Em Porto Príncipe, a cerimônia contou com a presença do Representante Especial Alterno da ONU no Haiti, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, do Force Commander, General-de-Brigada Carlos Alberto dos Santos Cruz e do Embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman.

Alerta
Em nota à imprensa, a Marinha do Brasil garantiu acompanhar todos os procedimentos burocráticos da ONU e prestar total assistência à família do sargento com apoio médico, psicológico, jurídico e religioso.

Nesta manhã, o SEMPRE EM JOGO entrou novamente em contato com o 1º Distrito Naval para obter informações sobre a recepção e o sepultamento do corpo. Por e-mail, a seção de comunicação social, responsável pelo atendimento à imprensa, ao público externo e pelos cerimoniais que envolvem militares no Rio de Janeiro, informou que “ainda não há previsão para a chegada do corpo do militar ao Brasil, bem como não há data prevista para o sepultamento”.

O SEMPRE EM JOGO aguarda o pronunciamento do Centro de Comunicação Social da Marinha, em Brasília, sobre o caso.

As fotos foram tiradas pelo ST Rogério.

ESCLARECIMENTO: Nesta quarta-feira, o SEMPRE EM JOGO iniciou os contatos com a Marinha do Brasil às 8h30. Todos os dados obtidos sobre o vôo foram fornecidos por contatos no Haiti e pela American Airlines. Às 17h58, mais de uma hora depois da publicação desta matéria, a seção de comunicação social do 1º Distrito Naval enviou nota à imprensa divulgando os dados do vôo de chegada do militar. O comunicado não incluiu detalhes sobre o sepultamento do fuzileiro naval.

domingo, 4 de maio de 2008

Se for pra ter culpa, eu sou voluntária

A culpa é da mídia. Essa é uma sentença famosa e bastante comum na boca de pessoas que, por algum motivo, enfrentam situações conturbadas. Às vezes, elas têm alguma razão, mas...

Neste domingo, a frase foi dita pelo advogado Rudolf Mayer. Ele defende o austríaco Josef Fritzl, 73 anos, investigado por estupro, incesto, coerção, cárcere privado e a morte de uma criança.

Fritzl confessou ter violentado a própria filha desde que ela tinha 11 anos. Aos 18, Elizabeth foi detida no porão de casa. O cubículo era a prova de som e ficava atrás de uma porta de concreto armado, que se abria com código eletrônico.

Elizabeth passou 24 anos presa, sem que supostamente ninguém soubesse, nem a mãe dela. Ali, no porão, teve sete filhos. Um deles morreu três dias depois de nascer. Fritzl confessou ter incinerado o bebê.

Para o advogado, Fritzl não terá um julgamento justo. O júri estará contaminado por tudo que viu na imprensa. Os jornalistas são responsáveis por transformar Fritzl num "monstro", disse ele. Sim, os jornalistas. Fritzl não tem nada a ver com isso.

Mayer avalia que terá a difícil tarefa de mostrar ao júri que quem está diante da Corte é um ser humano. Compreensível. Fritzl confessou todos os crimes e, em nenhum momento, a defesa fez qualquer crítica à atuação da polícia para obter a confissão.

Agora, que o caso virou manchete no mundo inteiro, o austríaco resolveu entrar em choque. Fritzl está emocionalmente abalado. Coitado! Que maldosos esses jornalistas!

Rudolf Mayer vai tentar convencer o júri que Josef Fritzl sofre de distúrbios mentais e não pode ser responsabilizado pelos próprios atos. O objetivo é diminuir a pena e colocá-lo num hospital psiquiátrico, não atrás das grades.

Para Fritzl seria bem mais fácil se os jornalistas não tivessem aparecido. Ficarei muito honrada se, um dia, conseguir atrapalhar a vida de gente assim.

sábado, 3 de maio de 2008

Uma jornalista sem palavras

Perplexidade. Indignação. Raiva. Medo do mundo. É muito estranho para uma jornalista ficar sem palavras, ter de buscá-las num dicionário sem a menor noção de quais poderiam demonstrar o verdadeiro sentimento. Talvez não existam.

Livros e dicionários não parecem estar preparados para o mundo de hoje. Eles não acompanham a deterioração social, a perda de valores e as inúmeras cenas de violência - verbal, física e moral.

As cenas de sexo entre uma babá e o dono de uma escola de inglês, que supostamente foi até a casa em que ela trabalhava para conceder uma bolsa de estudos à moça, foram chocantes demais pra mim, apesar da edição. Aquela criança como testemunha de tudo, no meio da sala, caindo do sofá, tirou-me o fôlego, a voz... encheu minha alma de revolta e meus olhos de lágrimas.

Está cada dia mais difícil ver TV, ouvir o rádio e ler jornal. Não pelo jornalismo, que comete muitos erros sem dúvida, mas pela consciência medonha que se adquire. Deter a informação muitas vezes dá medo, tanto medo quanto o da ignorância.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Corpo de militar chega ao Haiti

O corpo do 3º Sargento Fuzileiro Naval Carlos Freires Barbosa chegou ao Haiti na noite de quinta-feira, 1º de maio. Agora ele está no hospital argentino, em Porto Príncipe, sendo preparado para o translado ao Brasil.

Os procedimentos burocráticos ainda estão em andamento. O mais provável é que o corpo chegue ao Rio de Janeiro na próxima quarta-feira.

Como publicado em primeira mão pelo SEMPRE EM JOGO, Carlos Freires Barbosa estava internado na República Dominicana. Ele sofreu um aneurisma cerebral no final de semana.

A família tem recebido assistência da Marinha, que acompanha todos os passos da Organização das Nações Unidas sobre o caso.

Esclarecimento
A respeito do comentário deixado na matéria anterior, o Sempre em JOGO entrou em contato com o Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil.

Em 22 de junho de 2004, às 2h10, o cabo Rodrigo Duarte de Azevedo, tripulante no Navio de Desembarque de Carro de Combate Mattoso Maia, faleceu no Haiti após sofrer uma parada cardíaca e entrar em coma no dia anterior.

Rodrigo Duarte de Azevedo foi atendido no hospital de campanha argentino e transferido para a República Dominicana, mas não era integrante do 1º Contingente de Força de Paz.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Morre militar brasileiro no Haiti

O 3º Sargento Fuzileiro Naval Carlos Freires Barbosa, 35 anos, teve morte cerebral confirmada na terça-feira, 29 de abril, e faleceu na noite do dia 30. O militar sofreu uma convulsão logo após falar com a família pela internet, por volta das 20h do sábado, dia 26, horário local.

Freires recebeu os primeiros-socorros e foi levado para o hospital de campanha argentino, em frente ao Grupamento Operativo dos Fuzileiros Navais em Porto Príncipe, capital do Haiti. Como foi identificado aneurisma cerebral, o sargento foi transferido de avião para o hospital recomendado pela ONU para fazer exames em Santo Domingo, República Dominicana.

Segundo o Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil, a família tem recebido ajuda, desde o primeiro momento, do Núcleo da Assistência Social da Marinha. O órgão dispõe de médico, assistente social, psicólogo, capelão e advogado.

"Os familiares foram informados de todos os acontecimentos e foi providenciada a emissão de um passaporte para a esposa do militar, bem como a reserva de passagem aérea para Santo Domingo e de hospedagem em hotel próximo ao hospital", comunicou a Marinha em nota à imprensa.

O documento registra que a esposa não viajou por opção própria. Ela teria preferido esperar, pois havia possibilidade de o fuzileiro naval ser transferido para o Brasil. Os recursos ainda estão disponíveis à família, caso a esposa deseje ir à República Dominicana ou ao Haiti.

Os procedimentos de liberação do corpo e translado são de responsabilidade da Organização das Nações Unidas (ONU) e serão acompanhados pela Marinha do Brasil. Ainda não há previsão para o transporte.

O fuzileiro naval tinha 1,81m, aproximadamente 80kg e praticava esportes diariamente. Freires passou por exames rigorosos de saúde e foi submetido a testes psicológicos para ingressar o 8º Contingente de Força de Paz. A Marinha destaca que o militar, com excelentes conceitos na carreira, convivia de forma amistosa com os companheiros.

O Sargento Freires é o terceiro brasileiro a falecer na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Em janeiro de 2006, o General Bacellar cometeu suicídio no quarto do Hotel Montana. Em agosto de 2007, o Soldado Klein morreu eletrocutado num acidente no Ponto Forte Dourados.

Carlos Freires Barbosa deixou um filho de dez anos.

Erros e contradições

Foi difícil conviver com o noticiário neste último mês. Vejo colegas de profissão exaustos. A pressão nas redações é enorme. Não são poucos os jornalistas que contaram até mil para não pedir demissão. O pior é que há muito já se deixou a cobertura jornalística de lado. O que temos hoje é Hollywood, com personagens tupiniquins pouco talentosos.

Ouvi diversas pessoas dizerem que as famílias conseguiram uma vantagem. Se Alexandre e Anna Carolina não forem culpados, os Nardoni e os Jatobá ficarão milionários. Vantagem?

A sociedade está completamente alucinada. Polícia e promotoria parecem incentivar o povo a fazer justiça com as próprias mãos. E a imprensa compra essa idéia. Até fugitivos tiveram a cara de pau de ir ao prédio da família de Anna para pedir a condenação dos dois!

A quantidade de gente que tem dinheiro sobrando e tempo ocioso é incrível. O número de pessoas perversas e sádicas também. Descobri sem querer onde Antonio Nardoni mora. A rua era um caminho alternativo para fugir do trânsito. Hoje, é bem mais tranqüilo seguir pela avenida principal.

Basta ligar uma câmera para constatar: o “rec” transforma as pessoas em seres perfeitos, ávidos por justiça e correção.

Os repórteres? Muitos agem como se tivessem garantido a carreira ao repetir bobagens infundadas como se fossem a única verdade.

A polícia? A partir do momento em que uma delegada dá “piti” chamando os suspeitos de assassinos, não se pode esperar muita coisa. Quando peritos dizem que os laudos não afirmam o que a polícia divulga, é preciso acender direto a luz vermelha.

Também é melhor desconfiar de promotores que dizem fazer e acontecer antes mesmo de ter o inquérito em mãos.

Eu não duvido que o casal seja culpado, mas ainda prefiro acreditar na inocência. É muito complicado conviver num mundo onde não se pode confiar nem no pai. Aliás, agressão de pai está “na moda”, não é só no Brasil.

Precisamos repensar tudo. Principalmente os nossos próprios atos. Os nossos pequenos delitos que se tornam hábitos. Os nossos questionáveis conceitos. Os nossos eternos julgamentos. A nossa tolerância com o certo, o errado, em relação aos outros e a nós mesmos.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Críticas e críticas

O Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, conseguiu pautar a mídia por um mês inteiro com três pronunciamentos. Em 6 de abril, foi ao Canal Livre, da Band, com o discurso autorizado, e expôs algumas das mazelas do norte do país. Palavras de quem testemunha os fatos, não de quem toma decisões insanas num gabinete.

Em 9 de abril, foi à FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – e respondeu duas perguntas diante de empresários e estudiosos da Defesa e das Relações Internacionais. Uma nota saiu no jornal O Estado de S. Paulo. Na seqüência, o Canal Livre entrevistava o Ministro da Justiça. Tarso Genro meteu os pés pelas mãos. Hoje, é forçado a fazer discursos um pouco mais próximos da realidade.

Cerca de dez dias depois da primeira “aparição”, General Heleno estava no clube militar. Nos corredores, dizem que o discurso recebeu até algumas recomendações. A surpresa foi a quantidade de jornalistas. Heleno seguiu o script, disse o que tinha de ser dito, falou sobre assuntos que não causam nenhuma surpresa no meio militar, nem à FUNAI (ver entrevista do ex-presidente da instituição no jornal O Globo, 27 de abril).

Nenhuma surpresa inclusive para o Governo, que desconsiderou o parecer da Casa Militar ao assinar, na ONU, a Declaração dos Povos Indígenas, que prevê, entre outras coisas, a desmilitarização das reservas – a entrada de militares aconteceria somente com autorização dos índios.

Lula só ficou irritado porque o general disse que não servia ao governo, mas ao Estado. De novo, nenhuma surpresa, nenhuma inverdade. O presidente é que não sabia. Entre críticas e aplausos, analistas questionaram a postura do general por quebra de hierarquia. Esqueceram que ele foi autorizado a comparecer em todos os lugares, que o seu discurso era conhecido e apoiado. Ninguém mostrou fatos que fizessem as palavras do general se perderem ao vento.

Agora, o governo toma algumas providências apenas por pressão da mídia. Provavelmente, não funcionarão na prática, a menos que a imprensa fique em cima. Afinal, país desenvolvido é assim: consciente.

A discussão, porém, mostrou um ponto positivo. Estamos melhorando no quesito liberdade de expressão. O militar disse o que quis do governo. O governo disse o que quis do militar. E a imprensa disse o que quis dos dois. Apesar de tudo, somos felizes. Não há progresso sem contestação.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Conversa de canto

Um bate-papo antes de uma entrevista é sempre bem-vindo. O humor é a melhor maneira de acalmar os ânimos, dos dois lados. Toda fonte tem seu dia de jornalista, tem aquela curiosidade sobre o trabalho, sobre o estilo, quer saber com quem está conversando. Isso é ótimo, facilita muita coisa. Da mesma forma que a fonte, o jornalista não pode mentir. Da mesama forma que a fonte, algumas vezes, jornalistas respondem com perguntas. Então surgem os diálogos...

Fonte - Você vai falar bem de mim? (risos)
Jornalista - Você vai me dar motivo? (risos)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Dúvida cruel

Será que Lula vai cobrar explicações do Ministro das Relações Exteriores? Celso Amorim contrariou as declarações do presidente e fala em manter negociação com o Paraguai para chegar a um preço justo pela energia de Itaipu.

Destempero militar

Erra quem aproveita a manifestação do General Heleno sobre o gigantesco problema amazônico para fazer ameaças ao Presidente Lula. Erra feio quem usa a internet para pedir um golpe. Se alguém acha que o General Heleno é exemplo de militar e cidadão, deveria escutar o que ele tem a dizer. Ele não fala, nem nunca falou em golpe. Ele não faz, nem nunca fez ameaças.

O Comandante Militar da Amazônia quer o desenvolvimento sustentável do norte do país, a discussão de um assunto crítico e pede para participar ativamente de um governo democrático, com estado de direito e liberdade de expressão.

Atentemos para as manifestações contrárias.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Brasil é mesmo um país incrível!

A Presidência da República é ocupada por um homem que recebe aposentadoria por ter sido um perseguido político nos tempos que esperamos não viver mais. A Casa Civil é dirigida por uma ex-guerrilheira que, recentemente, vestiu camiseta camuflada em visita à Amazônia. Fico feliz com a evolução dos tempos.

O Planalto é o centro do poder, do dinheiro, do glamour... e também das maracutaias e “burrocracias”, talvez bem mais inteligentes do que se possa imaginar. Afinal, todo sistema é criado em proveito de algo. Ou de alguém.

É interessante notar como certos assuntos são bem-vindos quando uma denúncia de corrupção está no ar, quando mais uma CPI caminha para a pizzada - ou para um churrascão regado à picanha da boa na Granja do Torto. Ah! Sem contar os achados, ou perdidos, da Petrobras. Alguns temas sempre animam os moçoilos do Palácio Alvorada.

Para evitar a queda de mais pessoas-chave do Governo, a exposição excessiva de uma possível sucessora de um recordista em bolsa-apoio popular e para esconder as mazelas de um Governo tão doente como qualquer outro que na Terra BraZilis se estabeleceu desde 1500, o que fazer?

Vamos lá! Precisa ser algo eficiente, tão forte como... uma crise com militares. Lulinha paz e amor, que agradece até hoje a existência da ditadura, pois foi nela que ele se fez, exige explicações do Comandante Militar da Amazônia por discursos inflamados. A verdade, nos governos brasileiros, causam incêndios.

Socorro, Dilma!

A ministra deveria sugerir ao presidente que fizesse mais uma viagem, desta vez, ao norte do país. Lula se divertiria vestindo a camiseta camuflada. Seria interessante ver o líder da nação brasileira frente-a-frente com alguns índios, que recebem contribuições de estrangeiros. Que bom seria ver Lula pegando carona nos carros importados de alguns tuxauas! Será que o presidente daria algum conforto às índias que perdem pais, filhos e maridos para o álcool e para o tráfico de drogas em terras continuamente demarcadas?

A Amazônia é grande, cheia de mistérios, mas ninguém precisa se preocupar com Lula. Ele não vai se perder. Chegar a uma reserva indígena é fácil. Basta seguir o mapa das maiores reservas mundiais de urânio e nióbio, só para citar alguns minérios importantes para as indústrias bélica e espacial. Ou se preferir, tomar o rumo da casa de um amigo que está muy cerca de nosotros, armado até os dentes com tecnologia russa.

Ele também pode pedir apoio a um amigão dos índios. Se tem alguém neste país que conhece índio, esta pessoa é o Comandante Militar da Amazônia. O “tal” do General Heleno, “aquele que só diz o que não deve”, comanda mais de 25 mil homens, dos quais 60% são índios. Estranhamente, ele tem o respeito de toda a tropa. Por que será?

Vai ver que ele olha no olho do soldado, inclusive do soldado índio, e fala do que conhece. Talvez ele não mande ninguém fazer o que ele não faz. Pode ser que ele não passe o dia trancado num gabinete com ar condicionado – Ah! Mas isso ninguém pode falar do presidente também. É provável que ele tenha coragem de colocar em discussão o que é de interesse do país que, há mais de 40 anos, ele jurou defender.

Não, não. É melhor não dar ouvidos a este homem. Seguramente, tanto tempo na ativa o deixou “caduco”. Afinal, segundo o nosso Ministro da Justiça, o Comandante Militar da Amazônia confundiu, ou interpretou mal, a política indigenista. Não há nenhuma ameaça à soberania nacional. Aliás, como bem lembrou a FUNAI, a nossa política indigenista é até exemplo no EXTERIOR. Se eu fosse um estrangeiro mal intencionado também aplaudiria de pé, dizendo: O Brasil é mesmo um país incrível!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Erro estratégico?

Em maio, as Forças Armadas iniciam a troca de contingente da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH). Há tempos se discute a permanência armada do Brasil na região e já não são poucos os militares que, em conversas reservadas, avaliam que está mais do que na hora de sair. Interesses políticos à parte, o Exército Brasileiro caminha para uma ação complicada: o 9º contingente de Força de Paz é da Amazônia.

A maior motivação para o rodízio, que já enviou soldados de todas as outras regiões do país ao Caribe, é expor os militares a um conflito real, num cenário bem parecido com algumas regiões brasileiras. Muitos questionam por que o exército não toma conta dos morros cariocas. Os motivos são vários e vão além de questões legais. Quem acha que atuar lá e aqui é a mesma coisa, provavelmente, nunca refletiu sobre o que é viver numa favela, num mundo em que as leis são bem diferentes das que conhecemos e isso sem considerar que, no Brasil, não se cumprem nem as leis que todos conhecem.

No Haiti, os brasileiros estão respaldados por regras de engajamento que os permite responder, inclusive com força letal, contra ato hostil ou intenção hostil. E depois voltam para a base militar, onde ficam isolados e protegidos. No Rio, além de não haver tais regras de engajamento – questionáveis ou não – quando termina o combate, o soldado volta pra casa, que fica exatamente na zona de confronto. No Haiti, o tráfico de drogas não é disputado com a destreza carioca. O país é ponto de parada para a distribuição internacional.

O Rio, entretanto, é apenas uma parte desta história e não é um problema isolado do Brasil. O que parecia, até hoje, isolado é o grande problema no Norte, tão grande quanto a floresta amazônica. A região que muitos brasileiros desconhecem é cobiçada por milhares de estrangeiros. Todo mundo quer estar na Amazônia para turismo, estudo, exploração de madeira, minérios e muitos outros recursos naturais. Sem contar a água, que segundo previsões de especialistas, em algumas décadas, vai valer bem mais do que o petróleo.

A Amazônia brasileira ferve. Arrozeiros, índios, não-índios, demarcações de terra, MST, Movimento dos Atingidos por Barragens, ONG – nem sempre honestas e muitas vezes financiadas por verbas do contribuinte, grilagem, seringueiros, tráfico de animais silvestres, desmatamento e uma fronteira de 11.500 km de mata, com países nada tranqüilos.

Será que os militares da Amazônia precisam de mais missões reais? Em termos de terreno, o Haiti não tem nenhuma relação com a nossa floresta. A deles já foi devastada há tempos. A única semelhança, talvez, seja a ausência do Estado, que lá está em formação e, aqui, foi muito mal formado.

O que nos resta é torcer para que o novo surto de violência haitiano não resulte num desgaste ainda maior para o Brasil. E que a saída temporária de 1200 homens da região mais conturbada do país, num momento tão delicado, não represente um grande erro estratégico.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Protesto violento no Haiti atinge militares

Manifestantes revoltados com a situação econômica do Haiti se reuniram na cidade de Les Cayes, no sul do país. O presidente René Préval é acusado de deixá-los morrer de fome. O protesto, iniciado por volta das 15h de ontem, foi marcado pela violência. Muitas pedras foram arremessadas, inclusive contra a tropa uruguaia e a base da ONU.

Fontes da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti) confirmam que os militares foram autorizados pelo comandante da missão, o General brasileiro Santos Cruz, que chegava ao local, a responder com a mesma proporção de força. Houve disparos com armas de fogo. Blindados da ONU teriam sido atingidos.

O número de feridos não foi divulgado. Militares dizem que centenas de pessoas participaram do protesto. A imprensa haitiana fala em cinco mil. Os manifestantes teriam brigado entre si porque apenas parte do grupo era a favor dos saques realizados em lojas e caminhões de alimentos. A Polícia Nacional do Haiti (PNH) não conseguiu conter a população. A força policial da ONU foi acionada. A situação se normalizou em 2h30, mas os soldados continuam em alerta.

Há a possibilidade de deslocamento de um pelotão brasileiro para o local. Em Gonaïves, ao norte da capital Porto Príncipe, também aconteceram protestos. Em apenas um ano, produtos básicos, como o arroz e as frutas, subiram cerca de 50%. A maioria da população haitiana vive abaixo da linha da miséria, com menos de dois dólares por dia.

quinta-feira, 27 de março de 2008

O que McCain vai fazer com Cuba?

A declaração do presidenciável republicano John McCain sobre a entrada do Brasil no G8 causou frisson entre os jornalistas que acompanham a política internacional. O grupo reúne as sete nações mais industrializadas do mundo e a Rússia, que só está lá por ser uma potência nuclear. Aliás, McCain não só quer agregar Brasil e Índia, como excluir a Rússia do bloco. A imprensa brasileira deu destaque a este trecho do discurso, mas outros pontos chamam a atenção.

McCain aspira um continente americano completamente democrático e pretende chegar a isso rompendo as barreiras comerciais. Qual é a intenção dele a respeito de Cuba? Ele conseguiria fazer isso sem lotar o país de imigrantes e derrubar a própria popularidade nos EUA? Fidel Castro já surpreendeu com a renúncia, mas daí a permitir uma aproximação com o Tio Sam há milhares de quilômetros. A ilha é sustentada pela Venezuela que, apesar de vender petróleo a cântaros para os norte-americanos, não parece apoiar esse tipo de coisa. É possível fazer de Cuba um país democrático em apenas uma gestão?

O senador defende a permanência das tropas norte-americanas no Iraque. Portanto, quer continuar a suposta caçada aos terroristas. Ontem, John McCain falou em fechar Guantánamo, prisão mantida pelos EUA, em Cuba, para deter os suspeitos de terrorismo. Desconsiderando a pressão internacional para que isso aconteça, já que os EUA não se preocupam mesmo com o resto do mundo, algumas reflexões podem ser feitas...

A medida poderia ser uma tática para acabar com as denúncias de tortura e os “rótulos” que o lugar carrega. Neste caso, haveria pelo menos duas possibilidades: eliminar todos os considerados suspeitos de terrorismo ao redor do mundo, ou levá-los para algum lugar que, dificilmente, seria o solo norte-americano.

Os EUA constroem uma gigantesca (para falar pouco) embaixada em Porto Príncipe. Numa conversa informal, perguntei a um militar brasileiro quais seriam os interesses dos EUA no Haiti para construir aquela verdadeira fortaleza. “Talvez eles queiram instalar aqui uma outra Guantánamo”, conjecturou o oficial. Ele não foi o único a me dizer que, naquela área, os norte-americanos conseguiriam instalar, com muito conforto, dez batalhões - algo em torno de 7500 homens com todos os equipamentos que eles carregam.

Outro trecho instigante do discurso de McCain: “nós precisamos ouvir e respeitar os pontos de vista dos nossos aliados democráticos”. Ouvir e respeitar não significa seguir o que os outros estão dizendo. McCain não quer ouvir todo mundo porque aí também já seria demais para um presidente dos EUA. Se ele liderar o país ouvirá apenas os aliados democráticos.

O que fazer, por exemplo, com o aliado Paquistão, detentor de uma bomba atômica? Ou será que Pervez Musharraf, ainda no poder, é considerado um líder democrático?

terça-feira, 25 de março de 2008

ONU anuncia mudanças na missão do Haiti

Dezesseis embarcações devem chegar ao Caribe para dar suporte à Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). A afirmação é de Hédi Annabi, representante do secretário-geral da ONU no país.

Annabi não revela quem vai fornecer os meios, mas a chegada destes dispositivos de segurança pode gerar, por exemplo, uma mudança nas áreas de atuação dos contingentes. As patrulhas marítimas devem se concentrar especialmente no litoral sul. A região seria a porta de entrada para o tráfico de drogas, armas e munições.

É sabido que os carregamentos da Colômbia vão para a Jamaica em lanchas velocíssimas. E seguem da mesma forma para o Haiti, de onde partiriam em aviões para Miami. O aeroporto de Cap Haïtian, no norte do país, pode ser um ponto de distribuição de drogas. A cidade é pequena e o número de moradores não justifica o grande movimento no aeroporto, dizem fontes militares.

O mandato da ONU é baseado em quatro pontos principais: apoio à Polícia Nacional do Haiti (PNH), reforma dos sistemas judiciário e penitenciário, além do apoio ao controle e segurança nas fronteiras. O forte das Forças de Paz da ONU não é o combate ao tráfico de drogas. A PNH, ainda desestruturada e corrupta, não tem a menor condição de fazer isso. Então o país toca a vida com toda essa movimentação milionária, advinda dos ilícitos.

Agora, onde há tráfico, há violência, mesmo que a droga seja pouquíssimo consumida no país. A Ilha Hispaniola é mesmo um ponto geográfico estratégico. A situação caótica do Haiti também favorece bastante. Tráfico de drogas, de armas... tudo está relacionado de alguma forma. As armas e munições alimentam também as gangues, no interior das favelas, e aí entra a Força de Paz.

Para o Brasil, o mais provável é que não se altere nada. A capital Porto Príncipe é um local crítico e deve gerar dor-de-cabeça por bastante tempo ainda. Os militares brasileiros, maioria na missão, ocupam exatamente os pontos mais sensíveis da cidade. Os bairros de Bel-Air, Cité Militaire e Cité Soleil estão pacificados, segundo os militares, mas apresentam alguns “ruídos” uma vez ou outra.

Um dos “ruídos” que deixam a ONU de cabelo em pé se chama seqüestro. No Haiti, esse tipo de violência é sempre lembrada como barbárie. Coisas do tipo: penchinchou? Ok! Paga e leva, mas em partes. O cidadão pode ter algum dedo decepado, por exemplo. Os valores dos resgates podem ser bem baixos ou chegar a quantias exorbitantes. Tudo depende. Antes, diziam que os principais alvos eram a elite do país e os estrangeiros. Hoje, não se defende mais essa teoria.

Durante entrevista à rádio haitiana “Métropole”, Hédi Annabi tentou abrandar a situação com números. Em 2006, foram mais de 500 casos. No ano passado, foram registrados 227. O problema é que os índices voltaram a crescer. Em fevereiro de 2008, 33 pessoas foram seqüestradas.

O chefe da missão reforçou que a ONU, quando se trata de repressão tipicamente policial, apenas apóia a PNH e, portanto, estaria de alguma forma com as mãos atadas por causa da ineficiência da instituição. Mas não é a ONU que cadastra e treina a PNH?

A passos tão lentos, vai ser difícil tirar qualquer tropa daquele país.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Um doce por um sorriso

A Páscoa é sempre um momento de reflexão. Marca um recomeço. Não importa se você conhece ou não a História, se segue alguma religião. A Páscoa é uma daquelas datas que todo mundo espera com ansiedade e que, de alguma forma, mexe com o coração.

As centenas de reportagens mostradas nesta época falam de chocolates, de dinheiro e também de solidariedade. Se juntarmos tudo isso, é possível falar de Haiti. Os soldados brasileiros compraram, com recursos próprios, caixas de chocolate e distribuíram por volta de 40 mil bombons em dezoito escolas e orfanatos da capital, Porto Príncipe.

Cité Soleil, Cité Militaire e Bel-Air, bairros antes marcados pela violência arrebatadora, tiveram um final de semana de pureza, de doçura. Dez mil sorrisos ficaram estampados nos pequeninos rostos, que hoje têm direito a um pouco mais de inocência.

É preciso destacar que, para cada R$1,00 dado pelos militares, a Chocolates Garoto contribuiu com a mesma quantia. Os bombons foram transportados em vôo de suprimento da Força Aérea Brasileira. O Ministério da Defesa envia um avião para o Haiti a cada vinte dias, aproximadamente.

Os militares ainda jogaram capoeira - coisa que os haitianos gostam muito - promoveram atividades de recreação e distribuíram dez mil litros de água potável. O tratamento é feito pela Companhia de Engenharia de Força de Paz.

As fotos foram cedidas pelo Batalhão de Infantaria de Força de Paz e pelo Embaixador brasileiro no Haiti, Igor Kipman.

Guerrear na Selva também se aprende na escola

Militares se orgulham em dizer que os melhores Guerreiros de Selva estão no Brasil. Eles conhecem os cheiros da mata, sabem se guiar pela posição do sol e das estrelas - embora seja sempre bom carregar a bússola e o GPS. Alguns chegam a identificar há quanto tempo os animais passaram por determinado ponto apenas pelos rastros que deixaram.

Intimidade com a natureza eles têm de sobra e confiança de que dominam a região amazônica também. A maioria deles nasceu ali, é fruto daquela terra cheia de mistérios, lendas instigantes e beleza hipnotizadora. Os caboclos estão na linha de frente da guerra na selva. Eles são os cabos e soldados, que trabalham intensamente pela preservação da floresta e do território brasileiro.

A missão não é nada fácil. O Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, compara os 11.500 km de fronteira do Brasil com sete países aos 2.500 km de fronteira entre os Estados Unidos e o México. Lá, eles não dão conta. Apesar do terreno quase desértico, de fácil locomoção e visualização. Aqui, a mata é fechada e a fiscalização só é mais simples, ou menos complicada, nos rios. Sem falar na superioridade norte-americana e no sucateamento das Forças Armadas brasileiras, com os seus modernos fuzis fabricados em 1964.

Com tais empecilhos, os militares dizem que só há duas coisas a fazer: contar com a ajuda dos moradores da região, que atuam como grandes fiscais e avisam o exército sobre qualquer movimento estranho; e investir na qualidade do homem que defende aquele chão. É para formar os comandantes das chamadas “frações” que existe o Centro de Instrução de Guerra na Selva – CIGS. Do sargento ao coronel, todos passam por até onze semanas de instrução. O Major Ricardo Quadros, que serve pela quarta vez na selva e é um dos instrutores do curso, conta que o foco está nas operações na mata, embora o que se mostre normalmente aos visitantes seja a parte de ambientação, também conhecida como sobrevivência.

Na avaliação do major, conhecer a selva, saber como montar um acampamento, conseguir água, comida e como reagir diante da presença animal ajuda a dar confiança ao guerreiro, mas o que faz do militar brasileiro o melhor do mundo nesse tipo de terreno é o conhecimento técnico e tático.

A formação no CIGS requer, entre outras coisas, muito preparo físico, determinação, conhecimento interior e controle psicológico. O Guerreiro de Selva é preparado para resistir à presença inimiga, para surpreender, para desestabilizar, para fazer o intruso se entregar, ou caçá-lo, onde quer que ele esteja.

E o inimigo está por perto, muito perto... mas isto é tema para uma outra conversa.

domingo, 23 de março de 2008

Severino - O homem da borracha

O norte deste Brasil é um país à parte para uma paulistana. São selvas absolutamente distintas, mas igualmente instigantes, cheias de mistérios. A luta diária marca o passo do paulista e a remada do amazonense. De carona numa “voadeira”, barco utilizado pelo Exército Brasileiro, pude conhecer o cantinho, muito acolhedor, de um dos personagens mais fascinantes que encontrei na vida.

Severino, o ribeirinho serigueiro, tem olhos profundamente azuis, como jamais vi o céu de Manaus. Olhos tão chamativos e sinceros, que é impossível não conversar com a alma de Severino. Ele vive e trabalha no mesmo lugar. Com o restaurante sempre à espera de turistas dos caríssimos hotéis de selva, o seringueiro passa o dia com a mulher e a filha.

Pés descalços. Pele em contato com a vida amazônica que pulsa na terra. Uma grande alegria em reencontrar os amigos fardados. Os Guerreiros de Selva são muito bem quistos por Severino, que logo traz a Coca-Cola. Só que o refrigerante vai parar é na goela de alguém que, de visitante, não tem nada.
O macaco bebe tudo e não deixa ninguém chegar perto. Logo comentam... “você deveria vender esta foto para a Coca-Cola”. A dúvida que paira no ar é sobre quantos processos milionários a empresa sofreria das organizações de proteção dos animais se a imagem realmente fosse usada. Pitoresca ou não, ela faz parte desta história, onde tudo chama a atenção.

Satisfeito, o bicho segue a vida, sobe nas estruturas de madeira e desaparece na mata. A mesma que Severino adentra rapidamente. Com andar meio manco, ele sobe os degraus improvisados, numa velocidade impressionante. Acompanhar não é fácil, só a imensa curiosidade para garantir o fôlego.

Severino logo acende o defumador. Com o fogareiro na cabeça tira as lascas da árvore para obter o látex. Numa demonstração típica de tv, ele expõe o passo-a-passo do trabalho no seringal. O homem da borracha nunca passou por um curso de marketing, mas poderia dar aula em qualquer faculdade. Ele é simples, carismático e objetivo. Severino é fascinante e extremamente explorado.

Os Senhores do Norte compram a borracha e não pagam em dinheiro. Eles trocam por grãos, mantimentos, coisas que os seringueiros não conseguem vender, assim se tornam dependentes. E não há balança que faça, da troca, algo ao menos um pouco justo. O peso depende da vontade do “comprador”. O seringueiro pode até defumar uma tonelada de borracha, mas se o "senhor" disser que tem oitocentos quilos, é isso que vai “pagar”. E não tem choro.

Severino se salva com o turismo. O pessoal assiste a demonstração e uma vez ou outra encomenda uma bola, dá uma “caixinha”. Enquanto ele entretém especialmente os japoneses no meio da mata, a mulher frita os peixes, pescados naqueles lugares onde ninguém vai sair sem posar para foto como se fora, de fato, um grande pescador. Tudo, claro, armado pelos hotéis para deixar o hóspede feliz. E para aumentar a renda... Coca-Cola no povo! Se o macaco não beber.

A despedida de Severino tem um “q” tecnológico. Ele e um major trocam telefones ligando para o celular um do outro. A próxima conversa vai ser sobre a vinda do médico do Centro de Instrução de Guerra na Selva. A filha do homem da borracha está com problemas. Ela já foi à cidade algumas vezes, mas não consegue atendimento em hospital público. O médico vai examinar a moça e encaminhá-la para um atendimento adequado em nome do General Heleno, Comandante Militar da Amazônia. Na selva, a única presença do Estado é mesmo militar. E os homens de farda usam a influência para favorecer gente como a gente.

domingo, 9 de março de 2008

Bush veta lei antitortura

O presidente norte-americano George W. Bush vetou a lei, aprovada em dezembro pelo deputados e fevereiro pelos senadores, que proibiria a CIA de simular afogamentos e aplicar outras técnicas de tortura.

No seu programa semanal de rádio, Bush afirmou que é preciso garantir aos funcionários da inteligência todas as ferramentas para conter os terroristas. Na avaliação do presidente, o perigo continua e o país não pode reduzir as “ferramentas vitais” para o serviço de inteligência.

O método tem sido condenado, principalmente, por ativistas de direitos humanos. Congressistas queriam que a CIA seguisse as normas do Exército, que proíbe o afogamento e outras sete técnicas de interrogatório. A CIA alega que o trabalho de inteligência precisa de procedimentos condizentes com os objetivos, que não correspondem aos dos militares norte-americanos.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Costa Rica encontra avião desaparecido há 65 anos

A aeronave era usada pela Força Aérea Chilena. Um camponês foi visto carregando uma asa do avião e a polícia costa riquenha recebeu o alerta. A fuselagem estava em “Cerro de la Muerte”, a aproximadamente 70 km ao sul da capital, San José. O homem, que tentava vender as peças, tinha encontrado a aeronave há 33 anos, mas não se preocupou em avisar a polícia por pensar que as autoridades sabiam que ela estava ali. O avião se perdeu em 1943 e foi identificado pelo número de série. As autoridades chilenas acreditavam que ele tinha caído numa floresta do Equador.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Cartinha encontrada em algum lugar do planeta

Papai,

Não se preocupe comigo, estou me comportando de maneira exemplar. Hoje até me apresentei à Justiça para começar a cumprir minha pena. O senhor está em coma há bastante tempo e não sabe, mas aquelas negociações durante a sua campanha vão me afastar do convívio social por alguns meses. Espero que nesse tempo o senhor melhore! Tenho planos mais ousados para a vida política. O que acha de a gente se mudar pro Brasil?

Com muito amor,
Seu filho querido.