terça-feira, 27 de maio de 2008

Alfândega coloca droga em mala de passageiro

O que você faria se chegasse de viagem e encontrasse um pacote com 142 g de maconha na sua bagagem?

A droga foi colocada por um policial no bolso externo de uma mala no aeroporto de Narita, no Japão. A intenção do esperto funcionário da alfândega era testar a segurança do aeroporto.

O que deu errado? Tudo. Segundo o policial, o problema foi os cães farejadores não terem conseguido rastrear o pacote, o que nunca tinha acontecido antes. Pra completar, o agente não se lembra em que mala colocou a droga, avaliada em US$ 10 mil.

Para ele ter dito que nunca havia acontecido antes, é provável que ele tenha feito isso outras vezes. O ato é ilegal, claro. O teste de segurança deve ser feito com malas específicas, jamais com a bagagem que circula pelo aeroporto.

Imagine, por exemplo, se o passageiro fosse tomar um vôo para outro país. Ele poderia ser preso por tráfico internacional de drogas. Em algumas nações, a condenação por esse crime é a pena de morte. Se chegasse aos Estados Unidos e fosse considerado um narcotraficante, o passageiro poderia ser mandado para Guantánamo. Em muitos lugares ele, no mínimo, apanharia muito.

Considerando que o destino final seja mesmo Tóquio, o homem poderia ser revistado numa blitz. A pena para porte de droga é bastante severa no Japão, mesmo que a quantidade seja pequena.

O chefe da alfândega pediu DESCULPA. Que bonito! E fez um apelo para que o passageiro, ainda não identificado, devolva a embalagem.

Na imprensa, não há menção sobre o que vai acontecer com o policial. A resposta seria NADA?

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Quando um militar estraga tudo

A falta de sensibilidade de um ser humano é uma coisa fora de série! O presidente norte-americano George W. Bush, que não é dos mais sensíveis, teve de pedir desculpas ao Iraque. Isso por que um soldado fez o favor de usar o Corão como alvo num estande de tiro em Bagdá. O infeliz deixou mais de dez perfurações no livro sagrado dos muçulmanos.

O exército foi obrigado a retirar o moleque do país às pressas. Chamá-lo de moleque é bem apropriado para o contexto. O comando militar organizou uma cerimônia de desculpas e entregou um novo exemplar do Corão aos líderes tribais. Uma nota afirma que os norte-americanos respeitam os árabes. Mas nada disso apaga o que o soldado fez. No máximo, põe panos quentes.

O telefonema de Bush ao primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, foi um gesto diplomático necessário, mas insuficiente. O porta-voz do governo afirmou que o país exige o julgamento do militar e punição severa por ofensa ao Islã.

O "feito" do soldado não chegou a provocar manifestações violentas nas ruas do Iraque e de outros países árabes. Menos mau. De qualquer forma, a atitude choca, como tudo que vem de uma tropa de ocupação.

Jornalismo. Que jornalismo?

O dia 20 de maio foi marcado por, pelo menos, 20 minutos de catástrofe jornalística na TV e na internet. A pressa, a vontade de dar a informação primeiro ou de não ficar para trás mostrou seu lado feio e pra lá de perigoso.

O incêndio na loja de colchões na zona sul de São Paulo, que o dono do estabelecimento acredita ter sido causado por um curto circuito, foi noticiado da pior forma possível. As manchetes davam que um avião havia caído num prédio. Chegaram a registrar até mesmo o nome da companhia aérea: Pantanal.

Imaginem, só para começar, o desespero de quem tinha parente voando pela empresa. A mobilização dos bombeiros, Infraero, Defesa Civil, Polícia Militar, CET...

Ao pensarmos no lado financeiro, que também mexe com as vidas dos funcionários da empresa, temos outras conseqüências. Se a notícia tivesse sido divulgada mais cedo, com o pregão da bolsa em andamento, as ações da Pantanal teriam despencado.

Quando a notícia foi "corrigida", falaram em explosão de um botijão de gás e aí por diante.

A irresponsabilidade jornalística, se é que isso pode ser chamado de jornalismo, leva a resultados que absolutamente ninguém quer ver. Quando se brinca de telefone sem fio na hora do trabalho, cabeças rolam na redação. E tem que rolar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Corpo de militar chega amanhã. Marinha não sabe

A Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH) embarcou o corpo do 3º Sargento Fuzileiro Naval Carlos Freires Barbosa em vôo da American Airlines, nesta quarta-feira, após homenagem fúnebre prestada pelos companheiros de missão no pátio do hospital argentino em Porto Príncipe, capital do Haiti.

O vôo AA 822 saiu às 12h30 e deve chegar a Miami às 15h40, horário local. Todos os trâmites alfandegários foram feitos no Haiti. Se tudo correr como previsto nos Estados Unidos, o corpo será trazido ao Brasil no vôo AA 905, que parte de Miami às 23h10 com chegada prevista no Aeroporto Tom Jobim para as 8h30 desta quinta-feira.

Em Porto Príncipe, a cerimônia contou com a presença do Representante Especial Alterno da ONU no Haiti, o brasileiro Luiz Carlos da Costa, do Force Commander, General-de-Brigada Carlos Alberto dos Santos Cruz e do Embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman.

Alerta
Em nota à imprensa, a Marinha do Brasil garantiu acompanhar todos os procedimentos burocráticos da ONU e prestar total assistência à família do sargento com apoio médico, psicológico, jurídico e religioso.

Nesta manhã, o SEMPRE EM JOGO entrou novamente em contato com o 1º Distrito Naval para obter informações sobre a recepção e o sepultamento do corpo. Por e-mail, a seção de comunicação social, responsável pelo atendimento à imprensa, ao público externo e pelos cerimoniais que envolvem militares no Rio de Janeiro, informou que “ainda não há previsão para a chegada do corpo do militar ao Brasil, bem como não há data prevista para o sepultamento”.

O SEMPRE EM JOGO aguarda o pronunciamento do Centro de Comunicação Social da Marinha, em Brasília, sobre o caso.

As fotos foram tiradas pelo ST Rogério.

ESCLARECIMENTO: Nesta quarta-feira, o SEMPRE EM JOGO iniciou os contatos com a Marinha do Brasil às 8h30. Todos os dados obtidos sobre o vôo foram fornecidos por contatos no Haiti e pela American Airlines. Às 17h58, mais de uma hora depois da publicação desta matéria, a seção de comunicação social do 1º Distrito Naval enviou nota à imprensa divulgando os dados do vôo de chegada do militar. O comunicado não incluiu detalhes sobre o sepultamento do fuzileiro naval.

domingo, 4 de maio de 2008

Se for pra ter culpa, eu sou voluntária

A culpa é da mídia. Essa é uma sentença famosa e bastante comum na boca de pessoas que, por algum motivo, enfrentam situações conturbadas. Às vezes, elas têm alguma razão, mas...

Neste domingo, a frase foi dita pelo advogado Rudolf Mayer. Ele defende o austríaco Josef Fritzl, 73 anos, investigado por estupro, incesto, coerção, cárcere privado e a morte de uma criança.

Fritzl confessou ter violentado a própria filha desde que ela tinha 11 anos. Aos 18, Elizabeth foi detida no porão de casa. O cubículo era a prova de som e ficava atrás de uma porta de concreto armado, que se abria com código eletrônico.

Elizabeth passou 24 anos presa, sem que supostamente ninguém soubesse, nem a mãe dela. Ali, no porão, teve sete filhos. Um deles morreu três dias depois de nascer. Fritzl confessou ter incinerado o bebê.

Para o advogado, Fritzl não terá um julgamento justo. O júri estará contaminado por tudo que viu na imprensa. Os jornalistas são responsáveis por transformar Fritzl num "monstro", disse ele. Sim, os jornalistas. Fritzl não tem nada a ver com isso.

Mayer avalia que terá a difícil tarefa de mostrar ao júri que quem está diante da Corte é um ser humano. Compreensível. Fritzl confessou todos os crimes e, em nenhum momento, a defesa fez qualquer crítica à atuação da polícia para obter a confissão.

Agora, que o caso virou manchete no mundo inteiro, o austríaco resolveu entrar em choque. Fritzl está emocionalmente abalado. Coitado! Que maldosos esses jornalistas!

Rudolf Mayer vai tentar convencer o júri que Josef Fritzl sofre de distúrbios mentais e não pode ser responsabilizado pelos próprios atos. O objetivo é diminuir a pena e colocá-lo num hospital psiquiátrico, não atrás das grades.

Para Fritzl seria bem mais fácil se os jornalistas não tivessem aparecido. Ficarei muito honrada se, um dia, conseguir atrapalhar a vida de gente assim.

sábado, 3 de maio de 2008

Uma jornalista sem palavras

Perplexidade. Indignação. Raiva. Medo do mundo. É muito estranho para uma jornalista ficar sem palavras, ter de buscá-las num dicionário sem a menor noção de quais poderiam demonstrar o verdadeiro sentimento. Talvez não existam.

Livros e dicionários não parecem estar preparados para o mundo de hoje. Eles não acompanham a deterioração social, a perda de valores e as inúmeras cenas de violência - verbal, física e moral.

As cenas de sexo entre uma babá e o dono de uma escola de inglês, que supostamente foi até a casa em que ela trabalhava para conceder uma bolsa de estudos à moça, foram chocantes demais pra mim, apesar da edição. Aquela criança como testemunha de tudo, no meio da sala, caindo do sofá, tirou-me o fôlego, a voz... encheu minha alma de revolta e meus olhos de lágrimas.

Está cada dia mais difícil ver TV, ouvir o rádio e ler jornal. Não pelo jornalismo, que comete muitos erros sem dúvida, mas pela consciência medonha que se adquire. Deter a informação muitas vezes dá medo, tanto medo quanto o da ignorância.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Corpo de militar chega ao Haiti

O corpo do 3º Sargento Fuzileiro Naval Carlos Freires Barbosa chegou ao Haiti na noite de quinta-feira, 1º de maio. Agora ele está no hospital argentino, em Porto Príncipe, sendo preparado para o translado ao Brasil.

Os procedimentos burocráticos ainda estão em andamento. O mais provável é que o corpo chegue ao Rio de Janeiro na próxima quarta-feira.

Como publicado em primeira mão pelo SEMPRE EM JOGO, Carlos Freires Barbosa estava internado na República Dominicana. Ele sofreu um aneurisma cerebral no final de semana.

A família tem recebido assistência da Marinha, que acompanha todos os passos da Organização das Nações Unidas sobre o caso.

Esclarecimento
A respeito do comentário deixado na matéria anterior, o Sempre em JOGO entrou em contato com o Centro de Comunicação Social da Marinha do Brasil.

Em 22 de junho de 2004, às 2h10, o cabo Rodrigo Duarte de Azevedo, tripulante no Navio de Desembarque de Carro de Combate Mattoso Maia, faleceu no Haiti após sofrer uma parada cardíaca e entrar em coma no dia anterior.

Rodrigo Duarte de Azevedo foi atendido no hospital de campanha argentino e transferido para a República Dominicana, mas não era integrante do 1º Contingente de Força de Paz.