terça-feira, 15 de julho de 2008

O buraco negro da Colômbia

A libertação dos 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no dia 02 de julho fez o mundo se curvar diante do presidente colombiano Álvaro Uribe. A Operação Xeque representa a porta de entrada para um possível terceiro mandato. Mesmo que Uribe não se reeleja, deve colocar no poder seu Ministro da Defesa, Juan Manuel Santos.

É provável que vencer as FARC seja um ponto de honra para Uribe, que teve o pai assassinado pelos guerrilheiros. Mas quem deu um golpe de mestre com o resgate de Ingrid Betancourt, três norte-americanos e onze militares colombianos, não daria um Xeque-Mate contra si mesmo.

Na opinião de um estrategista ouvido pelo SEMPRE EM JOGO, derrotar as FARC é tudo que Uribe não pode fazer. Acabar com a guerrilha é acabar com o próprio governo. Afinal, não é esta a maior bandeira do presidente?

As FARC são responsáveis pelo sucesso de Uribe. Com a guerrilha, ele alcançou quase 92% de popularidade. Não há, no mundo, presidente com tamanha aprovação. Há grandes chances de o povo colombiano acabar, conscientemente, com a essência democrática da troca de poder.

Sem tocarmos na influência que a indústria bélica norte-americana exerce nessa guerra, o fim das FARC afetaria a economia colombiana. O país é o maior produtor mundial de cocaína. Inevitavelmente, grande parte desse dinheiro é despejada no comércio, nos serviços, nos diversos negócios que geram emprego e alimentam as mamatas políticas.

O fim das FARC não é proveitoso para Uribe, muito menos desejo do venezuelano Hugo Chávez, do equatoriano Rafael Correa ou do nicaragüense Daniel Ortega. A extinção da guerrilha é apenas um sonho para o povo colombiano. Mas quem é que vive sem sonhos?