segunda-feira, 24 de março de 2008

Guerrear na Selva também se aprende na escola

Militares se orgulham em dizer que os melhores Guerreiros de Selva estão no Brasil. Eles conhecem os cheiros da mata, sabem se guiar pela posição do sol e das estrelas - embora seja sempre bom carregar a bússola e o GPS. Alguns chegam a identificar há quanto tempo os animais passaram por determinado ponto apenas pelos rastros que deixaram.

Intimidade com a natureza eles têm de sobra e confiança de que dominam a região amazônica também. A maioria deles nasceu ali, é fruto daquela terra cheia de mistérios, lendas instigantes e beleza hipnotizadora. Os caboclos estão na linha de frente da guerra na selva. Eles são os cabos e soldados, que trabalham intensamente pela preservação da floresta e do território brasileiro.

A missão não é nada fácil. O Comandante Militar da Amazônia, General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, compara os 11.500 km de fronteira do Brasil com sete países aos 2.500 km de fronteira entre os Estados Unidos e o México. Lá, eles não dão conta. Apesar do terreno quase desértico, de fácil locomoção e visualização. Aqui, a mata é fechada e a fiscalização só é mais simples, ou menos complicada, nos rios. Sem falar na superioridade norte-americana e no sucateamento das Forças Armadas brasileiras, com os seus modernos fuzis fabricados em 1964.

Com tais empecilhos, os militares dizem que só há duas coisas a fazer: contar com a ajuda dos moradores da região, que atuam como grandes fiscais e avisam o exército sobre qualquer movimento estranho; e investir na qualidade do homem que defende aquele chão. É para formar os comandantes das chamadas “frações” que existe o Centro de Instrução de Guerra na Selva – CIGS. Do sargento ao coronel, todos passam por até onze semanas de instrução. O Major Ricardo Quadros, que serve pela quarta vez na selva e é um dos instrutores do curso, conta que o foco está nas operações na mata, embora o que se mostre normalmente aos visitantes seja a parte de ambientação, também conhecida como sobrevivência.

Na avaliação do major, conhecer a selva, saber como montar um acampamento, conseguir água, comida e como reagir diante da presença animal ajuda a dar confiança ao guerreiro, mas o que faz do militar brasileiro o melhor do mundo nesse tipo de terreno é o conhecimento técnico e tático.

A formação no CIGS requer, entre outras coisas, muito preparo físico, determinação, conhecimento interior e controle psicológico. O Guerreiro de Selva é preparado para resistir à presença inimiga, para surpreender, para desestabilizar, para fazer o intruso se entregar, ou caçá-lo, onde quer que ele esteja.

E o inimigo está por perto, muito perto... mas isto é tema para uma outra conversa.

Um comentário:

Comedor de casadas disse...

Os militares do Exército Brasileiro estão de parabéns...Em um país como o nosso de dimensões gigantescas, é preciso que as Forças Armadas atuem de modo contínuo e empreendedor. Apesar dos baixos salários que castigam a tropa e da pouca vergonha política que vemos por aí, podemos sentir uma grande vontade dessa gente de proteger o que é de fato nosso e ajudar aqueles que estão muito longe do conforto das cidades.